domingo, 28 de janeiro de 2007

Ameixoeira-dos-jardins (Prunus cerasifera pissardii)


Quando em 1880 o sr. Pissard, na altura jardineiro-chefe do Xá da Pérsia, enviou de lá para o botânico Carrière, em França, o 1º exemplar registado desta fantástica árvore de folhas escuras e exuberante floração branca, estava certamente muito longe de imaginar o sucesso que a mesma iria ter nas cidades e jardins da Europa e EUA.

Tanta emoção deve ter causado no seu amigo, que logo em 1881 este a descrevia e denominava como nova espécie a que atribuía o reconhecido nome de Prunus pissardii; não importa entrar pelos complicados meandros da taxonomia vegetal, mas agora esta árvore é conhecida por Prunus cerasifera subsp. pissardii, substituindo a antiga denominação de Prunus cerasifera var. atropurpurea pela qual por vezes ainda aparece referida.

A ameixoeira-dos-jardins (por curiosidade também por vezes também chamada de abrunheiro-dos-jardins) é uma planta da grande família das Rosáceas - que se caracteriza pelas flores terem 4/5 pétalas e 4/5 sépalas como a rozeira-brava - que Pissard criou a partir da variedade cultivada da ameixoeira (Prunus cerasifera).

É uma árvore de folha caduca, de copa arredondada, de tamanho pequeno/médio, podendo atingir os 8 metros de altura; é de crescimento rápido e pode viver até aos 80 anos.

Suporta bem a difícil vida urbana, em particular a poluição, doenças e secas, oferecendo-nos uma extraordinária floração branca-rosada (entre finais de Janeiro e Março) e uma distintiva cor de folhas vermelho-acastanhada (que aparecem depois da floração).

Os frutos são umas pequenas ameixas (tecnicamente são drupas) escuras, amargas, mas boas para fazer doces e compotas.

As cá da rua - com um perímetro à altura do peito de 14/16 cm, cerca de 5 m de altura e devendo custar nos viveiros, cada uma, cerca de 60 Euros - foram plantadas há muito pouco tempo, mas já se preparam nos encher de alegria com a floração que se anuncia:


Será concerteza uma bela surpresa para os moradores que ainda não saibam o que têm à porta...

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Instalaram a rega


As árvores são seres vivos, que para viverem nas condições adversas do meio urbano necessitam de algumas ajudas.

Uma delas é a rega, que permite levar a água às raízes das plantas nas alturas em que a evapotranspiração das mesmas excede a disponibilidade de água existente no solo. Evita-se assim que as plantas entrem no denominado "stress hídrico".

Existem vários métodos de rega e o que foi aqui utilizado foi o denominado de "gota-a-gota" superficial (existe também a gota-a-gota enterrada). Na caldeira da árvore, sobre a terra, é colocado um anel de tubo para rega gota-a-gota com cerca de 1 m de comprimento, onde estão os gotejadores de onde pinga a água para o solo.

Esta água, dado o débito mais ou menos constante do gotejador, vai encharcando o solo até à zona onde se situam as denominadas raízes "pastadeiras", finas e mais superficiais.

Estas fazem a absorção da água e dos nutrientes na planta, que a utiliza nomeadamente para os fazer circular e assimilar, bem como promover o processo da evapotranspiração por forma a controlar a sua temperatura interna.

Este método gota-a-gota tem a virtualidade de poupar água face aos métodos manuais tradicionais ou à aspersão que não se aplica com tanta facilidade nas árvores em caldeira. Por outro lado, exige menos mão-de-obra e é menos susceptível ao vandalismo.

Por todas estas razões é um método comum para a rega das árvores em caldeira. Só falta agora que continue a chuver nos tempos normais (até Abril) para não obrigar a gastar nas árvores "água dos tubos" cara, em vez da que pode cair do ceú, gratuita.

sábado, 13 de janeiro de 2007

Cipreste-comum (Cupressus sempervirens)


Árvore emblemática na paisagem mediterrânica, quer rural quer urbana, talvez seja por essa omnipresença, que a este cipreste lhe chamem "comum" (que de resto é mesmo excepcional)!

A sua copa colunar que pode atingir os 30 m de altura, distingue-o entre todas as outras espécies arbóreas.

Esta copa em forma de "vela" levou-o a ser plantado nos cemitérios para em permanência "velar pelos que já partiram". Mas também o tornou símbolo de ligação entre a Terra e o Ceú, tornando-se árvore plena de espiritualidade, plantada nos claustros, pátios e hortas dos mosteiros medievais.

O nome científico é Cupressus sempervirens, o que quer dizer o "cipriota sempre-verde", ou seja:

1. proveniente do Mediterrânico Oriental (onde se situa Chipre) e Ásia Menor; a sua importância nas paisagens gregas e romanas é assinalável, existindo até semelhanças entre a área ocupada pelo Império Romano e a actual distribuição do cipreste-comum (é por isso que de há tantos séculos utilizado em Portugal, já a consideramos "tradicional" na nossa paisagem).

2. sempre-verde, alude por sua vez a dois aspectos: árvore de folha perene, mas também longeva - há exemplares com 1000 anos e chegar aos 500/600 é "comum" neste cipreste! O seu crescimento é rápido nos primeiros anos, mas depois torna-se lento com o passar do tempo.

Espécie monóica, com as flores masculinas em cones amarelos nas pontas das folhas e as femininas agrupadas, destas surge o fruto - umas sementes aladas, tão leves que são precisas 150.00 para fazer um kg; estas sementinhas mantêm-se encerradas aos 8 a 20, numas glábulas compostas por 10-14 escamas e que primeiro são verdes tornando-se cinzentas quando amadurecem.

As folhas são em forma de escama, situação característica a outros ciprestes.

A espécie adapta-se bem a qualquer tipo de solos (menos os húmidos), mas prefere locais ensolarados aos sombrios; resiste bem aos ventos e às altas temperaturas.

A sua madeira - aromática, resistente e durável - é muito apreciada em marcenaria, tendo sido usada pelos egípcios para fazer sarcófagos, pelos gregos para fazer móveis e pelos carpinteiros medievais para as arcas da época.

Dele também se extrai um óleo essencial com propriedades benfazejas aos sistemas circulatórios, digestivos e respiratórios.

Aqui perto de casa só há dois exemplares, isolados e afastados entre si, mas felizmente bem adaptados e já com cerca de 4/5 m de altura, preparados para crescer nos próximos 500 anos!

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

Palmeira-de-leque (Washingtonia filifera)


Eis-nos chegados à palmeira cá do bairro: a palmeira-de-leque (Washingtonia filifera). É originária dos oásis dos desertos da Califórnia, e dela os índios que aí habitavam faziam uso intenso dos frutos (que comiam) e folhas (das quais faziam abrigos, alimentavam o gado, fabricavam sandálias).

O seu nome latino é por um lado uma homenagem ao 1º Presidente dos EUA (George Washington) e por outro uma referência aos grandes filamentos que as folhas exibem e que caracterizam esta espécie.

As folhas são perenes, muito grandes - de 1 a 2 m de comprimento; o pecíolo é de quase iguais dimensões e tem dentes bicudos. As folhas que secam ficam penduradas no topo das árvores, na base das folhas mais jovens e formando uma "juba" amarelo-acinzentada, pendente, que na cidade serve de abrigo a pombos e outras aves. Tirando estas folhas as palmeiras ficam com ar mais elegante.

Tem inflorêscencias hermafroditas que aparecem na Primavera e que produzem uns frutos de cor escura que caem no Inverno e germinam facilmente, permitindo assim a propagação da espécie.

As palmeiras-de-leque são de crescimento rápido, podem atingir os 15/20 m e durar entre 100 e 200 anos; resistem bem á seca e não têm grandes problemas fitossanitários. São muito utilizadas nas regiões de clima mediterrânico, europeias e americanas, quer como árvores de alinhamento quer em exemplares isolados.

Aqui ao pé de casa, existe um pequeno alinhamento de 4 palmeiras num canteiro e outra,dupla, numa rotunda; são todas relativamente jovens e estão bem adaptadas.



Existe uma outra palmeira do género Washingtonia, a W. robusta; também se chama palmeira-de-leque, mas esta é "do México", enquanto que a W. filifera é "da Califórnia". Distingue-se por não ter a mesma profusão de filamentos nas folhas; cresce mais lentamente, tem maior altura e menor diâmetro de tronco, sendo assim a W. robusta a mais alta e magra das duas...